terça-feira, 30 de novembro de 2010

CORDEL DE UM CARIOCA COMPLEXADO


Antes do Sol acender
Metódico, o despertador estridente
Profetiza o sofrer
A cabeça começa a doer,
Após o tiro comer
Meu descanso, Amplificando
O cansaço do meu santo.

Meio tonto e abatido,
Me retiro
De meu refúgio desgastado
Pelos disparos;
Quase intoxicado
Pelo odor emborrachado
Com passos largos,
E o reto apertado
Das rotas deste ambiente flagelado
Me esquivo dos projéteis legalizados
E contrabandeados
Coragem? Necessidade?
Sim! Com doses cavalares
Da honorável força de vontade.


Mofando no ponto,
Prantos, estrondos,
O esporro do chefe,
Mais descontos no contra cheque,
Me assombram constantemente...
Finalmente!
Tumulto por um espaço
No buzu hipersaturado;
Trânsito lento,
Espírito angustiado, corpo sonolento
Caraca! Enquadraram meu transporte
Gritaria e correria. EXPLODE!
Talvez não suporte
O calor insuportável do coquetel molotov.

Fim do batente,
Sentidos deprimentes,
Na árdua jornada
De voltar pra casa alvejada;
Coletivos quase extintos
Mas aguardo com afinco
Aleluia! Resulta
da sussurrada súplica
Mais confusão
Na entrada do buzão...


A noite despenca
Trevas condensadas,
Atmosfera tensa,
Sou bloqueado por barricadas,
Até a Lua se camufla
Nas nuvens carregadas de chuva;
Minha liberdade de ir e vir perambula
Perdida nas ruas
Como balas transpassando o céu enlutado
Chorando, sobre meu conjunto complexado;
Me iludem com abrigos
Amontoados de excluídos,
Gargalhadas sarcásticas das metralhas
Debocham da minha paz retalhada...